domingo, 19 de junho de 2011

Missing Home Series - Part 1

E Quando Deixamos de Saber Ao Que Chamar Casa?

Tal como prometido, a primeira parte é sobre como se torna difícil definir onde fica o nosso lar.

Apesar de haver casos em que ir para a faculdade não implica passar a semana numa casa e o fim-de-semana noutra, para a grande maioria dos estudantes portugueses parece-me que é exactamente isso que acontece.

Quando se começa um curso superior, chegando a Setembro é tempo de arrumar aquilo sem o qual não podemos passar uma semana em caixotes, ou sacos do ikea como foi o meu caso: Roupa, sapatos, acessórios, apontamentos do 12º ano que podem vir a dar jeito, dicionários, prontuários, fotografias, posters, trapalhadas, cadernos, material escolar, tachos, pratos, talheres, toalhas de banho, roupa para a cama, livros de leitura recreativa com um lugar especial no nosso coração, máquina fotográfica, computador, impressora, gata (não foi transportada em sacos do ikea naturalmente), comida da gata, tigelas para a comida da gata, casa da gata, casa-de-banho da gata, cabides, cestinhos....

Enfim toda uma panóplia de coisas...

E assim, em que estado é deixado o nosso quarto antigo? 

Não fica vazia, pelo menos no meu caso, uma vez que eu possuo muita trapalhada, contudo fica sem aquilo que mais nos caracteriza.

Assim, apesar de ser preciso tempo, muito tempo até, o nosso novo quarto lentamente começa a ser realmente nosso e a fazer parte de nós, passamos lá aproximadamente 5/7 do nosso tempo semanal, enquanto o nosso antigo quarto que ficou apenas com direito a 2/7 do nosso tempo, depois de quase 18 anos de convivência connosco... 

O que acaba por acontecer, pelo menos foi assim no meu caso, é que nos começamos a sentir mais em casa no nosso novo sítio, e menos no sítio antigo... O nosso quarto antigo começa a ser como uma fotografia, olhamos para ele e nele encontramos infinitas memórias, mas mais nada que isso, nada de nós nos dias de hoje, apenas quem fomos... No novo quarto, quando a luz da rua o invade ao entardecer (imagino que nos casos dos quartos virados a nascente, tal se dê ao amanhecer), temos uma sensação de lar, de abrigo e de que aquele lugar tem um pouco de nós em todos os cantos.

Contudo há um factor mais importante que o sítio onde estão as nossas coisas, ou onde passamos mais tempo, ou onde gostamos mais de dormir as manhãs na cama... Que são a família e os amigos...

Por muito que o nosso novo quarto nos faça sentir em casa, faz-nos também sentir sós...
Quase sempre, juntamente com o nosso velho quarto deixamos a nossa família, as nossas rotinas de 18 anos, os nossos amigos, os sítios que conhecemos...

Assim ficamos perfeitamente divididos, sentimos-nos bem nos novos quartos, quando nos deitamos na nossa cama velha, parece uma cama fria e de outrem, contudo no nosso novo sítio sentimos que estamos a mais e não temos o sentimento de pertença que tanta segurança nos trás, ao passo que no velho encontramos as pessoas que amamos e com quem gostamos de estar...

E para ti? 
Onde te sentes mais em casa? 
De que sentes falta na tua nova casa? 
O que sentes ao entrar no teu velho quarto?

1 comentário:

  1. vale a pena ler os teus posts so pelos comentarios entre parenteses xD

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