quinta-feira, 2 de junho de 2011

Joana Santos Ferreira, Arquitectura


Joana Santos Ferreira
3º Ano do Mestrado Integrado em Arquitectura
Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto



O que preferes? Viver na tua casa de família mas longe da faculdade, ou veres a família ao fim-de-semana sendo que ficas perto da faculdade?

É muito difícil responder a essa pergunta. Se por um lado sinto falta da casa, dos pais, do irmão, do cão... Por outro sei que tenho necessidade de estar perto da faculdade.
Como sabes fiz o meu primeiro ano da faculdade a ir e vir de metro para vila do conde, perdia cerca de 1h e meia (na altura ainda não havia muitos expressos), e quando chegava era sempre complicado voltar a retomar o trabalho que me encontrava a fazer, para além de que tinha de ir sempre extremamente carregada, com as folhas gigantes de processo, maquetas e coisas que tais, e era sempre hilariante entrar no metro em hora de ponta!
Não esquecendo também o facto de ter horas marcadas de metro, pois a partir da meia-noite acabam os metros o que se tornava sempre numa grande chatice, sendo que não podia ficar no Porto para fazer trabalhos de grupo, ou mesmo para tomar um café com os amigos.
A decisão de vir viver para o Porto, no segundo ano, teve um impacto brutal na minha qualidade de vida como estudante, no entanto as saudades de casa também são difíceis, principalmente nos nossos momentos fracos, onde uma palavra da mãe faz sempre falta :)


O curso que escolheste não só é difícil de acabar como também de começar, dada a média de entrada tão elevada. Foi sempre este o curso que querias tirar? Como chegaste à tua decisão?

Foi uma decisão difícil quando passei para o secundário.
Perto do 9ºano sabia as aptidões que tinha, e como tal sabia que podia ir para artes e alcançar boas médias, no entanto psicologia era um tema que me interessava, tal como todas as ciências sociais.
Quando optei por mudar de escola, e ir estudar para a Póvoa de Varzim, fui para o liceu Eça de Queirós, que é conceituado na área das artes, e como o bichinho para a arquitectura era mais forte, acabei por me decidir em ir para artes. Desde aí que me esforcei o máximo para conseguir entrar na FAUP, pois afinal se era para fazer arquitectura, ia fazê-la bem.




Quase 3 anos depois, pode dizer-se que sabes realmente no que te foste meter, estás contente com a tua escolha?

Agora sim, sei no que me meti!!
Posso dizer que tomei uma boa decisão na escolha que fiz, e apenas soube dizer que realmente era isto que eu queria fazer para a vida cerca de seis meses depois de entrar na faculdade. 
Acho que é um curso que precisa de muita paixão para ser feito. E isso revela-se no tempo que dispomos para o fazer. Tal como disse Souto de Moura:

“A arquitectura não é uma profissão, mas um modo de vida.”


Arquitectura é um curso que difere dos restantes em alguns aspectos. O que mais gostas e menos gostas no curso?

Penso que a diferença reside na parte prática e criativa.
Afinal, não temos livros que nos ensinem como fazer arquitectura, que nos digam o que desenhar. Não descredibilizando nenhum curso, arquitectura é algo que não está escrito, e que aprendemos sozinhos, o que requer um esforço duplicado da nossa parte como estudante, pois não existem muitos suportes de estudo.
Não consigo responder a essa pergunta, pois tanto estou a chorar e a pedir para desistir do curso, como acordo de manhã com uma ideia incrível e passo o dia enfiada numa sala com o computador e uma folha de papel a desenvolver o projecto. Penso que o que me custa realmente é o facto de dar tanto de mim ao curso que por vezes chego a substituir a companhia de amigos e familiares por um papel e uma caneta.




Arquitectura tem fama de ser um curso que pede muitas directas, especialmente em semanas de entrega de trabalhos e maquetas. As directas são assim tão incontornáveis? Como fazes para sobreviver às infames semanas de entrega?

É realmente um curso que nos põe a trabalhar imenso, e sim, penso que não fiz uma entrega sem ter feito directa :). Acho que todos conseguíamos fazer o trabalho sem perder noites e noites sem fim, no entanto, uma coisa que aprendi com este curso, foi que um projecto nunca está acabado, e quando fazemos noitadas e directas não é por falta de organização de tempo mas sim porque estamos constantemente a fazer alterações ao trabalho e não queremos entregar algo quando sabemos que podemos sempre melhorar. Por isso fazemos tudo até à última, de modo a conseguirmos mostrar o mais ínfimo pormenor do projecto. No entanto, no segundo ano, existe mesmo o problema de tempo, pois o que nos pedem para entregar é completamente disparatado, já que demoramos cerca de 3 semanas a fazer uma entrega, a dormir cerca de 4/5h por dia. (Até ao segundo ano não trabalhamos com o computador, apenas com lápis e caneta, o que significa apresentar um projecto à moda antiga. :p)

 

Dado que passam tanto tempo na faculdade e a conviver com as mesmas pessoas, como são as relações com os teus colegas?

Penso que nesta faculdade existe um espírito enorme de família.
Desde o primeiro ano que trabalho na faculdade e não em casa, pois acho que é com os colegas, com as críticas e opiniões que vamos aprendendo e desenvolvendo conhecimentos, e cada um transmite aquilo que prendeu, que leu e que pensa que nos pode ajudar.
E claro que não podemos esquecer que somos dos cursos onde entram menos pessoas por ano lectivo (120) o que nos torna uma faculdade pequena.
Neste espírito, temos de nos ajudar uns aos outros. O espírito de trabalho nas salas é incrível. Andamos de sala em sala, de professor para professor durante as aulas. As aulas têm um ambiente completamente informal e o professor é no fundo o nosso mentor e está lá como um companheiro de turma. Aliás, os professores são também quando é preciso os amigos da farra e das noitadas (por mais estranho que isto possa soar).
 
Muito obrigado Joana :)


2 comentários:

  1. adorei as fotos :) muito obrigado sónia...isto está um projecto incrivel. espero que continues com um optimo trabalho:)

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